A lenda da verdade perdida

Postado por Luan Henrique | | Posted On segunda-feira, 4 de março de 2013 at 10:15

ornitorrinco

  A família Hilton vivia em uma mansão antiga e enorme no topo de uma colina rodeada de mato e estrelas, mas essas ultimas só era vistas em algumas horas do dia, o que intrigava o seu Orlando, pai de um lindo casal de crianças de 12 e 15 anos, Olaria e Olharão, respectivamente. Ele respeitava a natureza, mas não entendia nada sobre estrelas e planetas, e muito menos de cozinhar, o que não interessa em nada vocês saberem, mas serve como uma ponte para apresentar a sua mulher, dona Isaura, que também não cozinha, fazendo com que quase tudo nesse parágrafo de apresentação seja irrelevante para o resto da história, eu poderia simplesmente ter resumido tudo isso em uma unica linha, mas não seria a mesma coisa né?

  Eles possuíam uma particularidade muito particular em seu meio privado, todos da família possuíam um medo real e doloroso de ornitorrincos. Esse medo tinha sido adquirido a várias gerações, passadas de pai pra filho a mais ou menos 200 anos, tudo começou na construção do castelo, o qual diziam que um ornitorrinco vivia no porão e amedrontava os moradores toda noite de lua quase cheia, mas a família Hilton sempre foi uma família orgulhosa – ou burra, se você preferir – e nunca pensaram em se mudar de lá.

  Seu Orlando toda noite acendia a lareira da sala principal e contava histórias de guerras passadas para seus filhos, enquanto sua mulher se masturbava sozinha em seu quarto utilizando uma vela acessa e alguns grampos de cabelo:

- “O ano era 1948, a guerra do Iraque estava em seu auge e vários soldados americanos e brasileiros foram convocados para lutar em nome da rainha. Seu avô era um combatente da 2ª Companhia de dona Olga, companhia essa que foi futuramente apelidada carinhosamente de ‘Amante’, e ele foi enviado até o coração da batalha para matar alguns africanos que estavam arregaçando a retaguarda dos quase extintos nazistas. Eu já comentei sobre os nazistas com vocês não é? Os odiadores de pão-de-ló da terra média. Pois bem, a batalha estava muito sangrenta e violenta, como toda guerra deve ser eu imagino, e seu avô acabou levando um tiro no ombro esquerdo. Sozinho, ensanguentado, bem no meio da floresta vasta e úmida do Iraque, ele encontrou uma luz em uma toca próximo dali. Era um ornitorrinco cruz-vermelha, uma espécie rara de ornitorrincos do leste europeu. Ele curou o meu pai que, muito agradecido, deu a ele algumas nozes e voltou pra guerra. No meio do combate o seu avô torceu o pulso tentando levantar sua metralhadora, começou a atirar em círculos e atingiu todos os aliados ao redor na cabeça, fazendo com que a guerra fosse perdida. Ele culpou o ornitorrinco por essa derrota e eles nunca mais se falaram.”

- Mas pai, o senhor não falou que os ornitorrincos nos incomodam a mais de 200 anos?
- Sim Olharão, todas as guerras do mundo foram perdidas por causa desses seres imbecis. Mas amanhã eu conto outra para vocês, agora eu pedirei um fast food enquanto vocês vão lá para cima e ajudem sua mãe a secar a cama.

  Nessa mesma madrugada, Olaria ficou curiosa e resolveu subir até o porão (ou seria descer até o porão? Quer saber? Não me importo). Chegando lá ela ouviu um barulho, não se assustou e resolveu andar mais um pouco. Um grito surgiu no silêncio e se extinguiu logo em seguida. Olaria nunca mais foi vista, nem mesmo por Olharão. Os ornitorrincos continuaram a vencer todas as guerras, e a família Hilton se desmoronou através dos anos…

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