O dia em que eu recusei sexo

Postado por Anônimo | | Posted On segunda-feira, 22 de agosto de 2011 at 18:15

brocha21

  Isso aconteceu a muito tempo atrás – porque qualquer história embaraçosa que se preze, ou aconteceu a muito tempo, ou aconteceu com um conhecido. Ninguém escreve: “Então, semana passada quando eu tava dando o cu…”, é sempre: “Ano passado, quando o tio da namorada do meu primo estava levando uma batonzada estilo cachorrinho nas profundezas de suas entranhas…” – mas essa foi a muito tempo mesmo, eu nem lembro direito quando, mas não foi semana passada dia 15 as 15h e meia da tarde.

  Eu tava vindo para casa, uma caixinha de cerveja em uma mão, um sorrisinho maroto na cara e uma dor inacreditável nas pernas, por ter que andar duas quadras com esse corpo inútil e desgastado pra conseguir cerveja, já que o mercadinho que fica na esquina aparentemente está indo à falência ou o dono me odeia, porque só estão vendendo cerveja sem álcool, o que é equivalente a tentar vender orégano com bosta de cavalo em uma comunidade de maconheiros.

  Mas então, eu estava vindo pra casa quando uma putinha (eu vou chamá-la assim, em parte porque eu não sei o nome dela e em parte porque esse parece um apelido razoável) me abordou na rua. Ela chegou tropeçando em seu crocs, com um olho sonhador fixado no horizonte e o outro vermelho fixado em mim e me perguntou se eu tinha algum dinheiro.

  Eu olhei pra ela com a cara mais malvada que eu poderia fazer, ligeiramente parecida com a cara malvada que você faz quando vai no cinema sozinho e tem um casal na sua frente que tem um beijo tão barulhento que você fica imaginando se eles aprenderam a beijar mascando capim, e respondi “não”.

  Então ela continuou:
  -“ Pô cara, arruma uma graninha ai, eu to ligada que você tem”
  - “Eu não tenho nada não, gastei tudo o que eu tinha nessa cerveja”
- “Me dá essa cerveja ai então, se você quiser eu deixo você me chupar”
  (cem tipos diferentes de doenças sexualmente transmissíveis passaram na minha cabeça nessa hora, a sensação deveria ser igual a chupar um pedaço de bosta de cachorro com gonorréia enquanto uma parte dela ainda se pendurava na ponta do cu)
  - “Nem to afim, valeu”
  - “Então eu te chupo, sei lá. Eu deixo você me comer, do jeito que você quiser, me dá uma grana e a cerveja ai cara, vamos logo”
  - “Não vou fazer nada. Olha, não tenho dinheiro e não vou dar minha cerveja. Sai fora daqui”
  (escrevo de um jeito a fazer eu parecer um pouquinho mais macho, fingiremos que foi exatamente assim que eu disse)
- “Então vai se fuder seu bosta, dá a merda desse dinheiro e essa cerveja ai caralho”

  Falando isso ela tirou uma faca da cinta. Pequena e apenas mortal nas mãos de alguém viciada em drogas e desesperada pra conseguir mais, o que eu deduzi com o meu cérebro extremamente avançado que talvez, apenas talvez essa fosse a situação dela. Então entreguei minha cerveja e dois reais.

  Sim, fui assaltado por uma putinha viciada nojenta que usa crocs, Crocs véio. Eu sou um merda mesmo.

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