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Postado por Anônimo | | Posted On segunda-feira, 18 de abril de 2011 at 10:52

google10anos Digite aqui meu pau

  As pessoas param em postos de gasolina já achando que frentistas são guias turísticos, qualquer endereço que existe no bairro é nossa obrigação conhecer. E normalmente os frentistas conhecem, mas sempre existem exceções. E a exceção normalmente sou eu.

  Eu não conheço nada, posso passar mil vezes no mesmo lugar e nunca vou conseguir explicar para uma pessoa como chegar nesse lugar, eu sou um inútil, se me perguntassem onde fica o meu pinto eu teria que pedir ajuda pra sua mãe para poder responder isso.

  E todo dia uma galera me pergunta onde ficam as coisas. Menos meu pinto, isso quase que raramente me perguntam.

  O nome do posto em que eu trabalho é Sheila, e quase sempre vem algum perdido me perguntar onde é o posto Sheila.

  Ontem mesmo aconteceu isso:

- Desculpa senhor, você sabe onde posso encontrar esse posto Sheila?

  Esse era meu momento de glória, estufei o peito, abri um sorrisão maroto, pensei: “Opa, tá comigo nego, isso eu posso explicar”.

  Então, como se eu estivesse comendo farofa e medindo as palavras para não cuspir violentamente demais no rosto de meu mais novo amigo mental, eu disse: “Esse é o posto Sheila”.

  Que orgulho senti, que sensação de poder e utilidade surgiram nos meus olhos já tanto lacrimejados por anos não podendo dar sequer uma informação util à alguém exceto o caminho mais rápido para se chegar à puta que o pariu, mas logo a sensação se foi quando ele respondeu: “Ah, então você deve saber onde fica a rua João Pedro do caralho a quatro esquina com vaginas ambulantes liberadoras de fungos mágicos etc.

  Novamente meu rosto ficou triste por voltar a ser o inutil de sempre.

  Informações não são meu forte, eu não consigo explicar de um jeito bom sequer onde eu moro. Os unicos lugares que posso mandar as pessoas, além do já habitual “puta que o pariu”, são o terminal de ônibus – que fica na próxima esquina – e o banco Bradesco – que fica exatamente ao lado do meu trabalho.

  Eu não uso uma camiseta escrita “posso ajudá-lo?”, eu uso uma camiseta desenvolvida pela agência de marketing de uma casa de gigolôs americanos em Londres, que diz “prazer por servir você”.

 

“Não me pergunte de onde eu vim, pois eu não entro no lugar de onde você veio”
Um grande poeta

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