Escola de fortões

Postado por Anônimo | | Posted On quarta-feira, 28 de abril de 2010 at 01:02

fortões Você acorrentou meu coração, boneca

  Sabem aquelas pessoas que não são amadas? Aquelas que tudo deu errado em suas vidas, que são tão miseráveis que a arma se recusa a liberar uma bala naquela cabeça? Aquelas que são tão feias que mijam toda noite na cama porque seu pinto tem pesadelos com ele? Aquelas que quando entram em um confessionário o padre pede pra Deus rezar porque foi ele que fez a sacanagem? Então, normalmente pessoas assim tem duas escolhas: aceitar quem são e tentar fazer humor com isso ou se revoltar contra a sociedade.

  A pessoa que eu conheci no meu ensino fundamental praticamente inteiro era assim e escolheu ser um revoltado, seu nome era Victor (ou Vitor, sei la como escreve), uma pessoa tão irritante quanto pentelhos em fase de crescimento após você se depilar, tão chato quanto ir numa festa de aniversário da sua tia avó múmia, tão nojento quanto ver o órgão genital depilado dessa sua tia avó.

  Ninguém gostava dele, era o típico cara que quer brigar com todo mundo e só anda com pessoas mais fortes que ele, o que acho idiotice, amigos tem que ser mais fracos porque se você faz alguma merda pode deixar te baterem que não sentirá nada e não perderá a amizade, mas ele andava com esses caras para botar medo nos outros e também para aumentar sua popularidade. Ou eram um grupo de fortões viados que transavam entre si porque descobriram na internet que sexo aumenta o bumbum das pessoas, isso nunca saberei ao certo.

  Algumas vezes ele deu de pegar no meu pé, nessa época eu era um rapaz fraco, com cara de idiota e andava com um grupo de pessoas tão esquisitas quanto eu que eram fanáticas por videogame, animes, revistas em quadrinhos e pornografia asiática. Meu melhor amigo até hoje é um cara dessa época que compartilhava essas besteiras comigo e me defendia quando alguém queria me bater, ele era meu herói (own *-*). Hoje em dia ele é um romântico que não briga, não bebe, não fuma, não faz sexo e trocou a pornografia asiática pela africana porque gosta de mulheres guerreiras e corajosas.

  Certa vez após a aula o Victor queria me bater. Não lembro bem o motivo, devo ter xingado ele ou ferido seu orgulho dizendo que ele era um homem, só sei que ele tava furioso e queria arrebentar minha cara. Eu sou muito medroso, devo ter tremido por tanto tempo que precisei passar uma semana mijando no chuveiro pra lavar minha perna após terminar. Ele veio pra cima de mim e meu amigo segurou ele, os dois se pegaram e brigaram por algum tempo após os chatos separarem. Sempre existem esses chatos que separam né? Quando duas pessoas estão se ofendendo verbalmente eles estão lá, dando apoio para que comece a briga. Quando eles finalmente saem pra porrada os caras vão e separam. Acho que esse é o objetivo de vida dessas pessoas: “Pô, tomara que esses dois briguem, to doidinho pra entrar no meio e separar”. Eles acham o que? Que vão ser heróis? Aposto que todo juíz de boxe era um infeliz desses na infância. “Sou ruim demais pra brigar, mas separo que é uma beleza”.

  Depois disso o Victor nunca mais me encheu o saco, e anos depois viramos até amigos. Ok, mentira, odeio ele até hoje, mas a última vez que o vi ele tava brigando com meu outro amigo, uma briga de gordos, quase como ver um jogo de bolinha de gude tamanho família.

 

  Outra pessoa que quis me bater foi no meu segundo primeiro ano. Primeira vez que estava estudando de noite, esse cara (que sinceramente não lembro o nome) era um camarada, ouvia músicas gays da moda e tocava pra conquistar garotinhas idiotas, nessa época eu já treinava boxe e era mais forte, mas continuava um medroso.

  Começou com uma discussão saudável sobre música, ele estava sentado e eu de pé ao lado dele, no meio da conversa eu disse brincando: “Ah vá se fuder”. Ele parou tudo e ficou bravo, me olhou com aquela cara de cachorro louco, aquele olhar de quem acabou de fazer um exame de próstata e percebeu que o médico ficou durante o tempo inteiro com as duas mãos no seu ombro, ai ele xingou minha mãe, eu dei um chutinho na perna dele e ele levantou com mais raiva ainda.

  Eu nunca fui muito alto, ele era gigante, do tipo que se eu fosse uma mulher os beijos na boca seriam substituídos por sexo oral para minha própria comodidade.

sumop-grande-pequeno

  Muito provavelmente eu teria apanhado tanto dele que o Sylvester Stallone se sentiria o Lernardo di Cáprio no final de Rocky, mas felizmente ele era um daqueles briguentos cuzões que eu já citei aqui. Ficou me encarando, eu também encarei ele, fazendo cara de mal, é claro, nos empurramos um pouco e ficamos assim. Com uma valsa tocando ao fundo seríamos os vencedores de qualquer concurso de dança.

  Nos separaram, passei todo o caminho de volta pra casa comentando com meus amigos que eu teria batido nele facilmente, ele provavelmente falou o mesmo com seus amigos, com a única diferença que o que ele dizia era verdade, e nunca mais falei com esse cara.

  Acho que esses foram os únicos que já quiseram bater em mim. Sou um cara tranquilo e amigável, as pessoas não sentem essa vontade de me machucar, e as entendo, se eu visse alguém como eu andando na rua eu sentiria apenas pena dela. “Tadinho, tão feio, tão desligado, tão autista, esse garoto seria um ótimo animal de estimação”.

  Claro que na internet já me xingaram várias vezes, duas pessoas ameaçaram vir aqui em casa e me matarem, uma prometeu que após o encontrar eu iria parar no hospital, outra prometeu tirar minha virgindade, mas como na internet todos podemos ser fortões superiores, nada disso aconteceu, mas bem que essa última seria bem vinda…

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