Mais uma busca por emprego
Postado por Anônimo | | Posted On quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010 at 23:43
Eu e meu amigo Felipe resolvemos ir procurar emprego no centro da cidade, mas antes de começar a falar sobre esse dia, sou obrigado a dizer o quão esperto nos fomos indo procurar emprego sem levar carteira de trabalho e nem currículo. Somos fodas demais não? Como ele disse depois disso (desculpa cara, roubarei sua piada): Deveriam dar emprego para as pessoas que fazem idiotices, imagine só, você chega lá na entrevista e o cara pergunta: “Então, o que de idiota você já fez?” e a resposta: “Eu fui procurar emprego sem levar currículo e carteira de trabalho”. – “Ótimo rapaz, tá contratado”.
Nos dois com certeza ganharíamos muito dinheiro com isso, seria o emprego perfeito. Mas voltando, agora tá fazendo um calor filho da puta aqui em Curitiba, daqueles que após um dia seu pinto emagreceu tanto que se trabalhado do jeito certo pode ser usado como uma chave pra fechadura do seu quarto, e nos encontramos no centro para começar nossa busca fantástica em busca de liberdade financeira.
Andamos, o primeiro lugar que achamos que precisava de ajudantes era uma loja de roupas. Paramos na frente, olhamos bem, analisamos e nos demos conta de que não entendíamos nada de roupas e nossa experiência nessa área se resume a ver esquadrão da moda no sbt, então seguimos em frente.
Achamos um restaurante que estava contratando, lugarzinho bom, e resolvemos tentar a sorte lá. Entramos era 11h da manhã, o lugar estava vazio e descobrimos que seus donos eram japoneses ou chineses, mas vamos chamá-los de japoneses porque chinês aqui só tem pastelaria. Entramos e fomos atendidos por uma mulherzinha baixinha com cara de mal e que falava um português inteligível.
- Oi, vimos que vocês estão contratando funcionários e estamos interessados na vaga, é para fazer o que?
- Ééééééééééé palaa lavá o chão né? Limpá tudoo
- Bom, e tem vaga para quantas pessoas? Só uma ou mais?
- Ééééééééééé agola só dá pa contlatá uma pessoa né?
- Tudo bem, estamos interessados em tentar
- Falaa com malido ali (chamou ele em japonês)
Meu, esse foi o momento mais tenso do dia, o cara estava almoçando e quando ela chamou ele terminou de comer, nesse momento comecei a me sentir em um remake japonês de “o poderoso chefão”.
Chegamos perto devagar, o japonês afastou o prato para frente com um movimento lento e demorado, encarou nos dois nos olhos com uma cara de nervoso, fomos chegando perto e ele nos encarava, comecei a suar, chegamos mais perto ainda e falamos que queríamos o emprego.
Nessa hora sim achei que estava em um filme da máfia, ele afastou a cadeira ao lado dele e fez um gesto de mão para nos sentarmos, mas não foi um gesto comum, não foi do jeito que mulheres de comerciais de ringtones mostram o celular enquanto rebolam a bunda, foi algo hipnotizante, lentamente esticou o braço e nos indicou a cadeira, enquanto continuava nos olhando com aquela cara de funcionário do mês da yakuza.
Sentamos, o Felipe mais perto dele porque fiquei com medo e peguei logo a mais longe, e começamos a conversar. A voz dele, era extremamente baixa e meio rouca, como de todo mafioso deve ser, a primeira pergunta dele foi “vocês tem experiência nisso”? Nessa hora eu quase falei: “sim, eu já tinha me cagado nas calças antes”, mas dissemos apenas um “não”. Então ele falou algo como eles estavam precisando de auxiliar de cozinha com experiência. Po, a mulher tinha falado que era pra fazer limpeza, mas deixa quieto, não quis deixar o Vito Corleone oriental nervoso.
Ficamos meio sem palavras e ele continuava nos olhando com aqueles olhos cheios de sangue, após longos 5 segundos nos levantamos, agradecemos e saímos de lá antes que o prato principal daquela noite fosse dois porcos gordos e suados. Se algum dia vocês entrarem em um restaurante para comer e um japonês vir te atender corra dali urgente, a não ser que você esteja no Japão.
Mas tudo bem, era cedo ainda e poderíamos achar outros lugares melhores, mas antes precisávamos almoçar. Fomos na casa de um amigo que morava ali perto mas ele ainda estava dormindo (pelado, por sinal) e educadamente nos expulsou de lá. Sem o que fazer fomos para o pior lugar do mundo… a casa do Felipe.
Não que lá seja bem o pior lugar do mundo, é que morro de medo do pai dele e tento sempre ficar o mais longe possível, aquele cara é mal… muito mal. Mas a mãe dele é boa (entendam como quiserem), nunca entendi como um cara tão malvado e uma mulher tão boa conseguiram fazer um filho tão… bobo. Minha mãe é malvada e meu pai é malvado também, e eles fizeram um filho… bem… igualmente bobo.
Mas pelo menos o pai dele já me ensinou uma lição que nunca vou esquecer, algo que sempre estará na minha mente: se você for dormir na casa do Felipe e o pai dele por acaso descobrir isso… corra, corra muito, experiência própria.
Felizmente nesse dia ele não estava, pudemos almoçar tranquilo uma bela refeição em um lugar ventilado, fumamos alguns cigarros, escrevi na parede dele e estava na hora de voltar à luta. Mas não voltamos, porque esse gordo é tão inútil que conseguiu ser picado por uma abelha enquanto estava andando de moto e o braço dele inchou porque tem alergia a insetos…
Após tudo isso fui no meu curso para cancelar ele, sim, minha preguiça é foda. E vocês sabem como é tentar cancelar algo né? Foi a mesma coisa que tentar tirar a tv a cabo, me ofereceram ofertas, perguntaram se eu não tava feliz com o serviço, se eu gostaria de reconsiderar, se uma boquete me faria mudar de idéia, se aquilo era a decisão certa e blábláblá. Meia hora nisso até que consegui cancelar essa porcaria. Até pensei depois em tentar um emprego na agência que eles tem, mas será que seria um pouco cara de pau? “Oi, acabei de cancelar o curso que eu fazia com vocês, mas mesmo assim… tem como me arrumar um emprego?”
Achei melhor vir pra casa e vender compania para pessoas sem amigos no msn… então? Me adiciona?