A arte de ouvir conversa alheia
Postado por Anônimo | | Posted On quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009 at 22:14
Como vocês sabem eu, na minha vidinha real, sou um cara extremamente anti-social e chato. Não falo com ninguem na escola a não ser os meus poucos amigos que me consideram, não olho pra ninguem, não pisco pra ninguem, fico la, com meus olhos focados em algum ponto parado e viajando em minhas próprias idéias malucas de conquistar o mundo, como comer aquela gata que senta perto de mim, como chegar em alguma menina, como esconder o volume que apareceu na minha calça por estar pensando nessas coisas, como escrever o próximo texto nesse blog para as pessoas que eu realmente gosto lerem, não aquele bando de favelados metidos a gangstas rapper que olham para meus cabelos achando uma coisa de outro mundo, como se eu fosse uma borboleta africana que invadiu o jardim sagrado das pombas racistas numa noite chuvosa de outono enquanto pedaços de pão eram arremessados em cima de suas cabeças brancas e limpinhas... Enfim, nessas minhas viajens através de minha mente doentia e perturbada eu dou uma pausa para ouvir a conversa das pessoas ao meu redor. Ahh o que foi? Vai dizer que vocês nunca fizeram isso? Aquelas putinhas conversam tão alto que não tem como ignorar, ou eu ouço ou eu tampo os ouvidos e começo a cantar o mais alto que posso. Isso não seria uma má idéia, se eu ja não fosse tão estranho sem fazer isso. Mas então, hoje estava ouvindo as conversas dessas meninas, uma delas falava para a amiguinha nerd e feinha o seguinte:
- Nossa (nome da menina que não faço a mínima questão de saber), ontem o (nome do carinha que pegou ela várias vezes, suponho) chegou pra mim e disse: Eu te amo. auhuahua (risada quase estérica e doentia) que cara mané e ultrapassado...
Bem, nessa hora comecei a imaginar a cena: Um fracassado nerd cheio de espinhas na cara e com as melhores intenções do mundo é iludido por essa jovem moça nem-tão-bonita-assim e começa a amá-la. Ela retribui, porque as mulheres enchergam a fraquesa em caras fracos iguais nós e se aproveitam disso para apagar o incêncio que existem em suas pererecas mais usadas do que meu velho lápis de escrever que tenho desde a 7ª série.
(Bons tempos desse lápis, cada parte dele foi quebrado por um dos meus amigos na 7ª série e carrego ele até hoje do meu penal. Antes era uma coisa que me dava sorte, mas quando reprovei 2 vezes seguidas o 1º ano ele ficou apenas como uma singela lembrança aqueles filhos da puta que quebraram ele.)
O jovem, iludido e apaixonado, tenta dar um passo a diante e diz para a jovem putinha que a ama. Eu tenho quase certeza que na hora ela mandou um: "eu também te amo", mas agora está la, rindo da cara do infeliz e falando para todo mundo ouvir o quão fracassado e idiota ele é. São coisas injustas da vida, mas fazer o que né? A única coisa que posso dizer é que... ele se fudeu =)
Outras conversas foram de menos importância, uma maloqueira dizendo que vai matar umas meninas porque elas tavam "tirando" elas. A amiga respondeu que gente desse tipo merece levar bala (sim, e eu queria muito naquele momento levar uma bala no meio da testa pra parar de ouvir tanta idiotice saindo de uma única cabeça loira oxigenada), uns caras falando sobre futebol, o que eu não prestei atenção porque odeio futebol e um cara atrás de mim reclamando daquela aula chata e da professora gorda que não parava de falar por nem um segundo sequer. Sim, como vocês podem ver foi uma aula super educativa para mim. Colégio público numa vila pobre é isso, emoção que não acaba mais.