- Ei cara, chega ai, quero falar rapidinho com você!
- Beleza Toninho, como você tá irmão? De boa?
- Sim, sim, mas hein, é sério o que aconteceu com o João? O bagulho do guindaste lá?
- Véio, foi louco aquilo meu. Coisa inesperada mesmo, você ficou sabendo da história completa?
- Não sei, mas o guindaste caiu em cima da cabeça dele não foi?
- Não, foi bem mais complexo que isso, o guindaste foi só o começo. Tá ligado na construção que tem ali na rua dos sapos né? Então, o guindaste tava parado lá, bem de boa, sem fazer mal algum para ninguém. Mas ai aquela noite teve um vendaval, não sei se você se lembra, mas foi bem forte. Ele fez o guindaste girar e derrubar uma barra de ferro que estava suspensa nele. Até ai normal, acontece todo dia de os trabalhadores irem pra casa e deixarem uma barra de ferro que pesa toneladas suspensa no ar e de vez em quando cai matando um ou outro. Mas o azar do João foi que essa barra de ferro caiu bem em cima de uma caixa de explosivos que estava semi-enterrada no chão. A explosão foi tão forte que fez o asfalto tremer e derrubou um poste de luz bem em cima de um cachorro. Mas o pior não foi isso. Quando o poste caiu evidentemente que os fios elétricos que estavam pendurados a ele se romperam e saíram voando pelo ar como se fosse um chicote. Isso seria inofensivo se naquela exata hora não tivesse começado a chover e um raio tivesse caído exatamente no fio despertando uma descarga elétrica furiosa que o fez rodopiar no ar como se fosse um ventilador mortal no meio da rua sem tela de proteção e nesse exato momento, veja como o destino funciona cara, nesse exato momento um besouro bateu na viseira de um motoqueiro que estava se dirigindo para aquela rua, atrapalhando parcialmente a sua visão que poderia ter impedido de ele ir bem de encontro ao ventilador elétrico. Sua cabeça foi decepada em um instante e seu corpo caiu duro no chão enquanto a moto continuava em movimento até entrar em velocidade constante pela porta de uma igrejinha pentecostal que fica na esquina e matar o pastor que dizia lindas palavras sobre o poder de curar todos os males que Jesus possuía. Aparentemente Jesus não tava lá na hora…
- Isso foi tenso cara, mas onde João entra nessa história?
- O motoqueiro, ele estava rápido desse jeito porque tinha acabado de receber uma ligação para entregar urgente um pote de insulina em uma casa aqui nas redondezas, parece que quem ligou estava desesperado e precisava daquilo o mais rápido possível senão correria o risco de morrer.
- Putz cara, João era diabético né?
- Sim, agonizou até morrer naquela noite deitado em sua cama enquanto seu pai gritava para o céu “Cadê a porra desse motoqueiro!” Mas ele mesmo tinha uma moto, acho que só era meio preguiçoso. O funeral do João vai ser hoje, vamos comigo?
- Vamos sim, adorava aquele cara. Pobre João.
- Sim. Pobre João…
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- E as namoradinha Davi?
- Porra vó, tá foda isso ai, na moral mesmo. Até esses dias atrás eu tinha três gatinhas loucas pra me dar. Uma morava no Acre e era louquinha por mim, me amava de um jeito que nunca imaginei que alguém pudesse me amar. Conheci ela naquela viagem imaginária que fiz com a excursão da escola lembra? Gatinha demais, me falava coisas que fazia meu pau levitar e se abrir como se fosse um girassol.
Tinha outra que morava aqui perto de casa, a Marcinha, não sei se a senhora lembra. Um filézinho de picanha sem espinhos. Não era tão afim de mim assim, mas pelo menos morava perto e gostava de um sexo nervoso.
A terceira era o amor da minha vida, pelo menos era isso o que eu achava ser. Linda, simpática, estudiosa. Acredita que ela conseguia escrever jeito com “J”? Porra véia, você não sabe como é raro encontrar uma mulher que saiba escrever nesses dias de hoje. Ela sabia colocar o “M” antes do “P” e do “B”, sério, mulher pra casar mesmo.
E eu tava lá naquele impasse, uma que me amava mas morava na puta que pariu, uma que só queria sexo e uma a qual eu realmente queria ficar. Resolvi escolher a terceira, porque eu realmente não conseguia parar de pensar nela. E fui meio que me afastando das outras. Dava respostas secas para a primeira quando ela falava comigo, mostrei meu pau pra ela na webcam inesperadamente, porque eu sabia que ela odiava isso. Ai nos afastamos pouco a pouco. A segunda resolvi apresentar para o meu amigo, eu sabia que ele tava desesperado e ela dava pra qualquer coisa que se mexa e faz barulho. Eles não queriam ficar um com o outro, eu percebi isso, mas mesmo assim continuei insistindo e os empurrando, até ficar bem claro pra ela que eu não deveria estar tão interessado assim. Apostei todas minhas fichas na terceira. Nossa, como ela era linda e fazia meu coração bater forte, acho que nunca senti isso na vida, era como se um obeso morasse na parte pobre da África e tivesse a chance de ir morar numa casa feita de chocolate. Eu sonhava com ela noite e dia, eu a desejava demais, o que acabou sendo meu problema. Como eu a queria demais, acabei me tornando muito grudento. Ligava para sua casa a cada cinco minutos, e quando ela não atendia eu começava a chorar sozinho e imaginar coisas terríveis. E quando você imagina demais coisas terríveis, coisas terríveis acabam acontecendo. Ela se cansou de me ter desesperado o tempo todo por ela, cansou das minhas ligações constantes e de minhas cartinhas de amor de adolescente que acaba de conhecer seu ídolo. E nesse meio tempo alguém apareceu na vida dela, um cara bonitão, com sotaque carioca e, segundo as lendas, um pênis extravagantemente enorme. Não tinha como ela resistir e acabaram juntos. Aquela foi a pior ligação que já recebi na minha vida, doeu até o dedinho do meu pé. Fiquei mal durante dias, chorando e esperneando por causa dela.
Tentei recorrer aos meus backups, mas a do Acre já tinha encontrado alguém e me odiava de um jeito que poucas pessoas conseguem me odiar. A Marcinha acabou cedendo e ficou uma unica noite com meu amigo. Eu sabia que ele era bom de cama, mas ela ainda não. Se apaixonou na hora e agora está grávida e vão se casar. E eu fiquei sozinho, lamentando a minha estupidez de conseguir perder três lindas mulheres que me queriam em menos de um mês. Acho que jamais encontrarei um amor vó, acho que nasci para ficar sozinho mesmo…
- Que isso meu filho, você só se fode mesmo hein? Mas não fique assim não, enxugue essas lágrimas que tudo dará certo. Ei, tenho uma surpresinha pra te animar. O seu pai nunca foi de comer muito, você pode ver isso pelo seu corpo magrelo que estava no caixão. Acho que ele nunca me secou totalmente e tenho certeza de que algum leite ainda resta aqui. Venha, abre a boquinha e chupe, você vai ficar bem meu querido, tudo vai ficar bem.
- Ok vovó… ok…
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- Ruuuf ruf auuuuu rauuuuf
- Ahhhh cala a boca Rufus, você não sabe do que tá falando cara, você já foi humano alguma vez na vida? Não? Então não me venha falar do que é melhor ou pior. Enquanto eu ainda ter que limpar o seu cocô eu sou o mais evoluído.
- Ruuuuuuffff raffff
- Não sou escravo de ninguém porra nenhuma, eu limpo porque você é imbecil demais pra fazer em lugares apropriados, nos limpamos seu cocô por pena, e porque não queremos pisar nesse monte de merda que vocês deixam soltas por ai. Olha, eu sou um ser pensante e extremamente evoluído, enquanto você só sabe comer, dormir e transar com cadelas da vizinhança.
- Auu auuuuuuuu ruuuuuf
- Háháháháháháhá bem, isso é verdade, além de transar você ainda pode lamber as próprias bolas, isso eu te invejo. Mas você sente algum prazer no ato? Você só monta, fica por 30 segundos e vai lamber o rabo de outra. O nosso é bem mais prazeroso, gostamos de apreciar cada parte do sexo oposto, cada cheiro, cada gosto, cada beijo é uma experiência unica que você jamais irá experimentar.
- Ruff ruuuuuuu
- Sério? Com meu chinelo? E você ainda quer discutir quem é mais inteligente ou evoluído? Me dá um tempo Rufus, vocês não passam de bichinhos de estimação descartáveis, se eu não tivesse você eu compraria um peixe e seria feliz do mesmo jeito.
- Auuuuuuinnnn
- Tá tá tá, desculpa. Eu só disse isso pra te ofender um pouco, era brincadeirinha, você é meu melhor amigo seu cachorro idiota, você sabe disso.
- Rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr auuffff
- Tente a sorte então, as ruas são perigosas você sabe muito bem disso. Lembra quando uma bicicleta bateu em você? Agora imagine se tivesse sido um carro? A gente nem estaria tendo essa discussão agora. Você ficou sabendo daquele poste de luz que caiu em cima de um cachorro esses dias? E se tivesse sido você? Eu te protejo, a coleira não é uma prisão, é uma proteção. Sem ela você sairia por ai cheirando rabos alheios e viraria pasta em questão de segundos. As ruas não foram feitas para vocês, e é por isso que nós, seres humanos evoluídos, os adotamos. Sem nós vocês estariam perdidos. Pense agora num mundo com mais cachorros e menas humanas.
- Rauuuufffffff auu auuu auuuu auuuu rrrrrrrr
- Vá corrigir o português da sua mãe, caralho. Era só o que me faltava mesmo. Vai fazer o que em seguida? Me ensinar física quântica?
- Auuuuuuuuuuu
- Não véio, não. Não fiquei ofendido, é só que… tá, esquece. E a… a… como é o nome daquela cadela mesmo? Jhenny, é isso? Tá traçando?
- Ruuuuuuuuuuuurrrrrrrr
- Toma no cu que você acha que isso é um xingamento? Nunca imaginei que pra vocês fosse também, desculpa ai. A fêmea Jhenny, você a está consumindo sexualmente da maneira bíblica?
- Auuu auuu ruuuufffff au au au au au au au au au au au, Rrrrrrrrrrrr au
- Tá bom, tá bom, me poupe dos detalhes. Seu cachorrinho malandro e pervertido. Mas pelo menos largou minha perna, você não sabe o quanto aquilo me deixava tenso.
- Auuu
- É, por isso que eu vivia te chutando sim. Mas era só uma fase né? Igual eu quando criança e esfregava meu pau numa árvore. História engraçada, eu deveria ter uns 6 ou 7 anos e…
- Rrrrrrrrrr au au
- Nossa, precisa ser grosso assim comigo? Se eu já te contei foi mal então.
- Au au
- Cara, por incrível que pareça eu também te considero um irmão. Adoro você seu vira-lata burro. E é realmente bom ter alguém pra conversar, sentia falta disso. Você é a melhor companhia que já tive até agora.
- Au ruffffff auuuuu au
- Uauhsauhaushaushaush verdade amigão, verdade. Quer mais um gole de whisky ai? Calma que vou encher seu potinho e meu copo…