Meu ânus na idade média
Postado por Luan Henrique | | Posted On segunda-feira, 25 de março de 2013 at 22:16
- Sir Leonard, Sir Tomaz , encontramos esse viajante que diz ter informações valiosas sobre a peste que está assolando o nosso vilarejo.
- Interessante, mande-o entrar agora mesmo.
Quando o meu ânus adentrou ao recinto, trajando uma pesada pele de filhote de coelho azul por baixo de uma armadura feita de penas de galinhas no cio, Sir Leonard se levantou rapidamente, espantado com a aparência inédita daquele ser, e se aproximou da cavidade vermelha e brilhante para apreciar sua forma tão exuberante.
- Sério? Um cu viajante com informações sobre a peste? Deve ser complicado pra você andar a cavalo.
Todos os senhores gargalharam profundamente dessa situação, mas o ânus não se rebaixou, e com um gesto rápido e grosseiro, ele tossiu e começou a falar:
- Com todo respeito, se o senhor com essa enorme e fedorenta bunda consegue cavalgar, eu também consigo. O unico problema real seria se eu montasse em um garanhão acrobata que corre de ponta cabeça, mas isso seria desconfortável para qualquer um de vocês. E sim, eu falo e tenho a habilidade de raciocinar, isso mesmo, as duas coisas ao mesmo tempo, duvido algum de vocês fazerem isso.
Os senhores da casa ficaram em silêncio, se entreolharam meio envergonhados por terem julgado precocemente a bunda alheia, mas antes que o Sir Tomaz pudesse dizer algo inteligente ou começar a chorar, as trombetas soaram do lado de fora, uma vez indicando a hora do almoço, duas vezes indicando açoitamento, três vezes indicando que a mulher do general Olário estava dando para outro e quatro vezes, para a felicidade de muita gente, invasão.
- Estamos sendo atacados, vamos, peguem suas espadas. Ânus, você sabe lutar?
- Se sei? Nas terras distantes abaixo do sul, um guerreiro brilhante nascido de um cu, lutou e matou vendo o sangue jorrar, acima dos homens, por terra ou por ar. Vivíamos assim até que parti…
- Cara, eu fiz um pergunta simples. Sim ou não. Se eu quisesse ouvir poesia de merda eu iria pro futuro.
Os guerreiros inimigos marcharam pelo vale silencioso até chegarem aos portões de Raizen, munidos de espadas e escudos – e um louco com um pedaço de pau – gritavam palavras em alguma língua desconhecida enquanto batiam em suas próprias cabeças protegidas por elmos dourados. A batalha se deu início quando o maluco com o pedaço de pau ficou nu no meio da multidão, e a barbárie começou.
O exército de Raizen estava em vantagem por possuírem mulheres em campo, irritando os inimigos como só elas conseguem irritar, e além disso o ânus era deveras habilidoso com a lança. O sangue jorrava para todos os lados, o chão logo ficou vermelho e pegajoso, o exército inimigo estava prestes a se render, quando o maluco pelado com um pedaço de pau correu em direção ao cu e defecou sobre sua boca. Todos pararam nesse momento, o nojo e a raiva cresceu de uma forma tão intensa que o exército inimigo bateu em retirada, correndo e gritando feito um bando de adolescentes na palestra do Justin Bieber medieval que aconteceu semana passada.
O terreno ficou limpo, então Si Leonard se aproximou de meu ânus para ver a sua situação.
- Como você está garotinho?
- A… merda… deveria…sair…não…entrar
- Você vai ficar bem, eu prometo, isso não parece ser algo grave.
- Hemo…cof cof… rróidas. A pior… das pestes…estou conde…conde…
- De Monte cristo? Esse filme ainda nem lançou
- Condenado. Avise minha… família
- Você não pode morrer, e aquela informação importante sobre a peste que você tinha para nos dar? Por favor cu, precisamos de sua ajuda para descobrir como se acaba com isso. Esforce-se, pelo bem de todos.
- A peste… a peste… ela… mata
Nesse momento meu ânus fechou o olho para nunca mais abrir. Os cavaleiros se olharam, tristes e indignados. Aquele cuzão veio até aqui pra nos dizer algo tão óbvio? Tomar nele mesmo. E gradualmente todos do vilarejo morreram de hemorróidas. O maluco pelado com o pedaço de pau foi cruelmente empalado. Aquela parte do mundo se extinguiu por gerações. Até que 500 anos depois, viajantes do espaço retiraram a maldição daquelas terras, se fixaram e até hoje podem ser vistos andando por lá. A antiga Raizen, destruída e deserta, hoje se chama Acre, quase destruída e parcialmente deserta.