A dor da perda
Postado por Luan Henrique | | Posted On terça-feira, 26 de fevereiro de 2013 at 19:14
Ele estava presente quando eu perdi a minha virgindade. Não participando do ato em si, e nem estando no mesmo quarto observando a cena como se fosse um adolescente tarado espionando a sua vizinha pela janela do seu quarto enquanto se masturbava, não, ele havia me levado para um puteiro de quinta categoria e escolheu junto a mim a honrosa vítima do descabaçamento tardio de um já não tão jovem garoto nervoso e com tremedeiras. Foi ele quem pagou e checou o produto antes de entregar nas minhas mãos. Não foi algo assim tão bom no final, muita gritaria fingida durante meia hora e minha concentração foi embora, sem que eu conseguisse finalizar o objetivo principal de todo homem em relação ao sexo. Mas foi algo memorável.
Ele estava presente na maior merda que já fiz envolvendo brigas, quando eu discuti com um policial à paisana no meio de um estacionamento lotado após uma enorme bebedeira dos dois. Gritei e chorei igual a uma criancinha chata no corredor de um supermercado, caí de moto várias vezes na volta para casa e chamei uma atenção enorme para mim. Eu poderia ter sido preso ou espancado esse dia, mas ele estava lá para evitar que isso acontecesse.
Ele estava presente em outra cena de sexo ruim e mal feito, mas dessa vez era de graça. Falei palavras de amor no meio da rua e besteiras impensáveis em cima da cama. Ele tinha me apresentado a ela e dias depois me levado até a sua casa, para um segundo tempo que nunca aconteceu, aparentemente ela tinha um filho e um marido.
Ele estava presente em toda festa que realizei na minha casa, desde churrascos pequenos para duas pessoas até festas enormes com vários convidados bebendo de graça e reclamando das minhas atitudes após saírem. Ele estava lá quando ganhei aquele beijo maravilhoso e fui trocado logo em seguida por um roqueiro imbecil. Ele me ajudou a superar tudo isso enchendo a cara violentamente ao meu lado.
Ele estava presente nas nossas viagens sem rumo que fazíamos de vez em quando guiados pela loucura e pela cerveja. Fomos para vários lugares, bebemos várias bebidas diferentes durante o caminho e fomos rejeitados por várias mulheres durante o processo. Mas nunca deixamos de sorrir juntos, mesmo quando brigávamos e discutíamos por motivos fúteis.
Ele estava presente no meu nascimento, nos meus aniversários, nas minhas conquistas e principalmente nas minhas derrotas, que foram muitas. Ele sempre estava lá, me dando forças para continuar, me ajudando a crescer e me desenvolver como o ser humano que sou hoje.
Ele estava presente a minha vida inteira, e agora, quando eu mais preciso dele, ele se foi. Não sei se é para sempre, mas ele se foi e eu estou sozinho pela primeira vez, e estar tão sozinho assim machuca, machuca demais. Queria que ele estivesse aqui, tudo isso seria muito mais suportável se ele estivesse aqui comigo, mas é tarde para pensar nisso, sentirei muito a sua falta, se algum dia você mudar de ideia eu estarei te esperando, aqui, sozinho no meu quarto, de braços abertos para recebê-lo novamente, e espero que isso aconteça em breve, não sei se irei sobreviver por muito mais tempo sem você, orgulho.