Uma linda mulher

Postado por Luan Henrique | | Posted On quinta-feira, 18 de outubro de 2012 at 13:10

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  Essa poderia ser uma história maravilhosa sobre o amor, superação e conquistas impossíveis, mas infelizmente ela aconteceu comigo, e, se você já leu qualquer coisa que eu já tenha escrito em qualquer lugar, deve saber muito bem que eu só me fodo. E isso não é um modo de dizer, não tem nenhum significado oculto sensacional nessas entrelinhas, eu quero dizer realmente que eu só me fodo, em tudo o que eu tento fazer. Mas chega de enrolação e vamos lá.

  Ok, ela não é assim tão linda, ela possui uma beleza exótica, que pra qualquer pessoa normal significaria feia, mas pra mim ela era incrível, maravilhosa, estonteante. Seu jeito de andar meio torta e mexendo a cabeça para os lados a cada movimento de pernas me deixava fascinado. Seus óculos gigantes cobrindo quase por inteiro o seu rosto e seu aparelho refletindo todo o sol que chegava até a superfície da terra fazia o meu coração bater tão forte que chegou a deformar o meu mamilo.

  Perfeição, era isso que eu achava dela, mesmo todos ao meu redor me dizendo que eu estava ficando louco, ninguém via nela a mesma coisa que eu via, e isso era ótimo, eu já não pego ninguém nem que eu seja o último homem do mundo, com concorrência então seria melhor esquecer.

  Ela passava todos os dias em frente ao meu serviço. Eu sou um cara tímido e no começo só olhava e sonhava. Depois de um tempo fui criando coragem pra assoviar feito um imbecil e quando ela olhava eu abria um sorriso maior que as minhas bochechas – que já são enormes – e acenava timidamente, gesto esse que indica quando um macho beta está afim de procriar violentamente e pelo resto da vida com a fêmea azarada que foi escolhida.

  Ela retribuía as minhas manifestações de interesse com um sorriso, uma olhada para o outro lado, uma tropeçada no chão e novamente um sorriso. Está no papo – eu pensei.

  O tempo foi passando e como eu só ficava nessa porque sou um cuzão estúpido, um amigo meu resolveu ir lá falar com ela sobre mim. Pegou o número de telefone dela e o nome, me fazendo o homem mais feliz em um raio de quase 50 centímetros.

  Liguei, minhas mãos tremiam e suavam, meu coração agonizava dentro do meu peito enquanto ela ignorava gentilmente a vibração do celular em seu bolso. Tentei novamente e fui atendido. Jamais vou esquecer aquela risada medonha do outro lado da linha, aquela com engasgada na metade sabem? Chamei ela pra sair e ela concordou, mas não podia ser em breve porque ela trabalhava de manhã e fazia faculdade de psicologia de noite.

  Isso deve ter me fodido, psicólogos cheiram a loucura nas pessoas. Todos os dias eu mandava mensagens bonitinhas para ela e recebia respostas vagas. Até o dia em que ela parou de responder. Motivo: falta de créditos.

  E como um bom samaritano no cio que sou, botei 12 reais de créditos para ela. Recebi um obrigado em troca, e nada mais do que isso. Mesmo com créditos ela não respondeu mais nada. Minha cabeça era só “fiz merda, ela me odeia, nunca mais vou vê-la de volta”, essas coisas de jovem escroto apaixonadinho. Então parei de tentar por algum tempo.

  Uma semana depois voltei a mandar uma mensagem e recebi uma resposta. Todos os sentimentos que você sente quando vê o amor da sua vida pela primeira vez voltaram, a esperança voltou e dessa vez eu não iria estragar tudo. Mas no dia seguinte seu celular estava desligado. No dia seguinte também. E no outro…

  Tentei abordar ela na rua pra falar pessoalmente o que eu estava sentindo, mas depois de desligar o celular a mãe dela começou a ir buscar ela todo dia uma esquina antes do meu trabalho. Pronto, ela contou pra mãe que tinha um pervertido qualquer a incomodando. Isso destruiu o meu mundo, eu não sou um pervertido qualquer, eu sou apenas um pervertido apaixonado.

  Ela nunca mais olhou pra mim, nunca mais olhou na direção de onde eu estava, ela nunca mais ligou o celular e eu desisti.

  Eu sei que não deveria ter desistido, que eu deveria ter chegado na voadora na mãe dela, fazendo ela voar para longe para eu poder me declarar, mas eu não fiz. Em partes porque eu tava com medo de ser rejeitado e em partes por eu ser um cuzão.

  Cheguei ao ponto de pedir pra um cara que trabalha comigo ver o sobrenome da mãe dela no cartão de créditos enquanto ela fazia uma compra pra eu poder achar a filha dela no facebook. Não achei. Tentei ligar mais algumas vezes. Sem sucesso. Tentei mandar sinais de fumaça, mas meu corpo não estava mais pegando fogo como antigamente. E hoje, depois de tanto tentar e fracassar, eu me masturbo…

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