Fim de semana perfeito

Postado por Anônimo | | Posted On terça-feira, 15 de setembro de 2009 at 14:27

Sábado – Trabalho
Profissão – ajudante de eletricista
Salário – Pago em cerveja
Empregador – Meu primo
Local – Ex barzinho badalado que agora virará escola
O que fiz – Parafusei tomadas

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  Até que foi divertido isso, sabadão, 7h da manhã e eu na BR esperando meu primo aparecer com seu chevette acabado e velho, fiquei na beira como se fosse uma prostituta esperando algum caminhoneiro fortão e sujo parar e me pagar 10 reais por uma chupetinha, o que naquelas condições não sei se eu fugiria, aceitaria ou cobraria mais caro, porque entre ganhar dinheiro com a mão em uma parafusadeira ou em um… ta, esqueçam isso. Esperando meu primo na beira da BR, vendo ciclistas gordinhos tentando pedalar meia hora pra poderem encher o cu de cerveja mais tarde com a consciência limpa e um azarado trabalhador no ponto de ônibus ao lado que deu sinal pra dois lotados e eles passaram reto, eu me sentia mais livre, mais adulto, mais pobre do que nunca.

  Já no carro eu e meu primo escutávamos pacientemente um locutor de rádio contando uma porra de uma fábula sobre caramujos as 7 e meia da manhã, ninguém merece isso mas como estávamos com sono e não tínhamos assunto melhor ouvimos e aprendemos que ser um caramujo é ser um fudido (nada contra você meu amigo Mujo). No trabalho ficamos umas meia hora parados em frente ao carro bebendo café e fumando enquanto olhávamos um cara fortão fazendo massa e rebolando ao som de sua pá, então começamos o expediente.

  Fui no andar de cima, meu primo me ensinou como parafusar um interruptor, sim, eu não fazia idéia de como fazer isso, é uma coisa complicada, colocar a parafusadeira, apertar o botar em cima do parafuso, girar e encaixar. Como sempre eu fiz tudo errado no começo e depois tive que refazer quase tudo, mas tudo bem. Fiquei sozinho fazendo isso, e meu primo me sacaneou, ele queria que eu conseguisse enfiar em um buraquinho minúsculo, eu não sabia o que tinha que fazer eu não tinha enfiado em algo tão pequeno assim desde que minha mãe comprou um poodle para nos. Depois de muitas tentativas eu descobri que tinha que dar uma alargadinha neles, colocar algo menor, girar um pouco e dar umas cuspidas. ´

  Teve uma hora que eu já estava ficando de saco cheio disso tudo, sozinho, agachado, com as pernas dormentes e as mãos doendo, eu fazendo várias coisas espertar do tipo chegar bem pertinho de um buraco cheio de pó e assoprar pra limpar e ficando cego por algum tempo com isso, nessas horas eu comecei a conversar com os parafusos, isso mesmo, eu estava tão entediado que comecei a manter umas conversas com meus coleguinhas de trabalho que estavam confinados a ficar o resto da vida presos em um lugar onde ninguém te nota, comparei eles com seguranças de mercadinhos, inúteis, mas se você procurar bem lá estão eles segurando as pontas. Minhas conversas com os parafusos foi mais ou menos assim:
” Ahhh esse é meu garotinho lindo, você vai entrar ai sem dificuldades né? Vamos lá, eu sei que você não quer dar trabalho pra um jovem sem experiência como eu, vai entrar e ficar ai pra sempre certo? Isso, bom garoto, agora mais um pouquinho pra esquerda pra se encaixar bem, mais pra esquerda não cai seu filho da puta, volta pra essa porra de buraco e fique por ai merda, se acha que eu to brincando aqui? Você acha que eu gosto disso? Hein?? Hein??? Será que vou ter que usar a força bruta com você pra que você entenda seu parafusinho de merda filho de uma porca saltitante??? Entra e cale a boca, entra, ENTRAAAAAAAAAAA”.

  Em uma dessas conversas amigáveis com meus novos parceiros meu primo entrou na sala… acho que ele tá até agora pensando que sou louco, ele entrou e começou a rir da cena, eu olhei pra ele e disse:
- O que foi? Não posso mais conversar com parafusos no trabalho sem ter alguém pra achar que sou louco não?
- Calma Luan, pode continuar xingando os coitados, eu fazia a mesma coisa com meus objetos de trabalho na época que eu fui cafetão.
- Que????????????????????????????????????????????????????????????

  Após o fim do expediente (16h) nos tínhamos uma festa para ir na minha tia, mas estávamos com tempo então resolvemos passar em um boteco antes pra beber umas. Fomos em um lugar bem ao estilo que eu gosto, sujo, fedido, caro e repleto de cuzidos chatos que pagam cerveja pra nos achando que assim nos tornaremos amigos e poderemos trocar confidências no meio de um grupo cheio de gente ouvindo. Um amigo da família estava lá, cara chato e extremamente bêbado, ele faz mais piadinhas homossexuais do que eu, é incrível ouvir ele fazendo a mesma piadinha pra todo mundo:
- E ae cara, tá sozinho? Tá afim de comer uma coisa fresquinha
- To sim
- Então come eu.

  Sério, ele fez essa umas 20 vezes, encheu o saco. Então saímos de lá e fomos pra festa ficar bêbados. Presenciamos duas brigas nesse meio tempo, uma na rua onde tinha dois carinhas se pegando no tapa e duas mulheres dando murros uma na outra. Claro que paramos pra assistir aquilo,essa vila é muito parada e essa era a única alegria que iríamos ter. Quase pulamos na voadora em uns 2 que não sabiam brigar e ficavam com aquela putaria de dar um empurrão, chegar bem pertinho ao ponto de seus bigodes se entrelaçarem, olhar com cara de mal, fazer ameaças do tipo: “matarei teu cachorro com um pau na bunda”, e recebendo a resposta: “então é melhor enfiar logo o pau na sua bunda porque meu cachorro está vindo ai”, coisinhas idiotas.

  A outra briga foi da minha tia, ela endoidou quando eu tava no banheiro e começou a gritar com a irmã dela, eu fiquei com medo e nem lavei a mão, saí correndo de lá e percebi que todos os homens da família estavam lá fora fugindo também. Isso sim é uma família cheia de machos né? Briga com nos não, porque somos fodas. Ficamos lá escondidos esperando o clima amenizar.

  Na festa não aconteceu nada demais, pelo menos nada que eu me lembre de bom, só sei que ficamos bêbados e comecei a ir contra toda minha família enquanto discutíamos religião. Adoro fazer isso bêbado, pra mim é engraçado.

  Putz, esqueci de falar do mercado onde encontramos 3 meninas crentes perfeitinhas comprando chocolate. Cara, com essas meninas eu realmente começaria a acreditar em Deus e iria até na igreja por elas, porque se elas aceitassem ficar comigo já seria um puto de um milagre. Eu fiquei só olhando elas com aquelas saias gigantes e bundas perfeitas, elas nem me notaram, acho que um cara bêbado e suado comprando cerveja pra um batalhão e abrindo uma antes de passar pelo caixa não é exatamente o que elas procuram para suas vidas amorosas.

  Voltando pra casa passamos em outro bar, eu e meu pai. Vimos um bando de velhas estranhas dançando funk e olhando com cara de safada que quer ser comida por alguém que poderia ser seu neto pra mim, então saimos e fomos em outro cheio de velhos jogando sinuca sem nenhum senso de humor e muito bêbados também.

Porra, acho que chega de escrever por hoje né? Duvido alguém ter chegado até aqui mas olha que isso foi só meu sábado, o domingo eu vou deixar pro próximo post, afinal que quer saber da vida de um fracassado como eu? Mas terão que saber porque não tenho mais nada pra falar. Até o meu domingo perfeito.

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